Desafios e alegrias de ser CIO em uma empresa de médio porte
Ser gestor de TI exige conhecimento diversificado, lidar com verbas reduzidas, caçar fornecedores e encarar um plano de carreira limitado.
Ser CIO não costuma ser uma tarefa fácil.
Desempenhar a função numa organização de médio porte (que nos Estados Unidos são companhias com receitas que variam entre US$ 100 milhões e US$ 1,2 bilhão) é ainda mais complicado.
Essas organizações tendem a se comportar como adolescentes, agindo tanto com infantilidade quanto com sofisticação em um curto período de tempo.
Seus estilos de gerenciamento, formalidade dos processos e práticas organizacionais variam muito. Elas são grandes o suficiente para exigirem os sistemas robustos, as políticas formais de operação e as estruturas maduras de governança praticados nas maiores corporações; mas ainda encaram vários desafios com a informalidade e flexibilidade de uma empresa menor.
Como resultado, organizações de médio porte apresentam desafios próprios ao CIO e sua equipe. Nós listamos alguns:
Ser CIO exige uma vasta gama de conhecimentos
Embora a maioria dos 500 CIOs escolhidos pela Fortune possua formação tecnológica, eles delegam a outros funcionários a maior parte dos problemas técnicos e trabalhos operacionais. Poucos desses executivos estão envolvidos ativamente na implementação de processos internos de gerenciamento de TI.
Em contraste, o CIO em uma empresa de médio porte que deseje implementar ITIL, COBIT, ISO27000 ou qualquer outro padrão precisará de grande conhecimento técnico do assunto e estará ativamente envolvido na criação desses novos processos. Quando esses sistemas eventualmente falharem, ele deve estar pronto para colaborar na apuração dos motivos e trabalhar na sua recuperação.
Os melhores CIOs nessa posição possuem um vasto leque de conhecimentos. Ficam igualmente confortáveis ao discutirem opções detalhadas de tecnologia, metodologias de gerenciamento de projetos e valor para acionista.
O orçamento de TI é pouco flexível
O orçamento do departamento de TI em empresas de médio porte é pequeno e nenhum item está a salvo de ser eventualmente questionado, reduzido e até mesmo eliminado. Essas limitações orçamentárias dificultam substancialmente o financiamento de experimentação com outras tecnologias.
Como resultado das restrições orçamentárias, poucas organizações de médio porte tem pessoal suficiente para ocupar um centro de operações 24×7.
As horas de suporte costumam serem inferiores ao adequado e o suporte após o horário comercial frequentemente é feito por uma única pessoa, com uma equipe de backup remota ao telefone. Férias e feriados criam pesadelos de agendamento e a responsabilidade pelos clientes infelizes é toda do CIO.
Embora nenhum orçamento de TI seja plenamente confortável, as grandes corporações dão a seus departamentos a possibilidade de financiar projetos tecnológicos críticos a partir de suas verbas.
A complexidade de grandes orçamentos também dificulta que gerenciamento elimine todos os fundos de contingência. Outro incentivo à experimentação é o escrutínio público das grandes corporações, que gera publicidade negativa quando verbas para treinamento e desenvolvimento são eliminadas.
Os planos de carreira em TI são limitados
Empresas de médio porte têm um número reduzido de posições disponíveis. Isso limita as oportunidades na carreira, sobretudo para os indivíduos que desejam seguir o lado mais técnico da profissão.
O volume de trabalho nessas organizações raramente exige ou permite especialistas técnicos em tempo integral. Esses serviços costumam ser obtidos com provedores de serviço terceirizado ou funcionários de TI que também desempenham a função de técnico em meio período.
Os profissionais empregados nessas empresas precisam ser generalistas com responsabilidades diversas e dificilmente se tornam outra coisa, já que o orçamento limitado para treinamento dificulta a obtenção de outras habilidades exigidas para avançar na profissão ou mudar de emprego.
Ignorados pelos fornecedores
Ninguém gosta de admitir isso publicamente, mas os gigantes de TI – apesar de ressaltarem seu desejo em atingir a camada intermediária da pirâmide de empresas – estão interessados em fazer negócio com grandes corporações. Fechar um acordo pequeno e ou marcar um gol de placa leva quase o mesmo tempo e esforço, o que leva os vendedores à caça dos grandes projetos.
Longe dessas conferências promovidas pelos fabricantes, a história não é diferente. CIOs reclamam da relutância dos fornecedores em visitar as empresas de médio porte. Com frequência, eles passam um bom tempo tentando descobrir equipes de fornecedores focadas em companhias do seu tamanho e mesmo quando conseguem capturar a atenção desses vendedores, dificilmente conseguem os melhores preços por não terem o mesmo poder de compra das grandes corporações.
É um emprego terminal
As organizações de médio porte possuem poucos cargos elevados de gerenciamento. Com mais vagas disponíveis, as grandes corporações tem mais flexibilidade para oferecer aos CIOs de sucesso, atraindo-os para seus contingentes. Poucos CIOs em empresas de médio porte tem a mesma oportunidade e avançar na carreira costuma exigir a mudança de emprego.
Um pouco de otimismo
Mesmo com todos os desafios, as companhias de médio porte ainda podem ser bons locais para trabalhar. As melhores despontam por sua agilidade, possuindo bem menos burocracia que as grandes corporações – em uma única reunião, duas ou três pessoas podem tomar uma decisão que levaria seis meses em uma empresa maior.
Como existem menos níveis entre os clientes e quem toma as decisões, as organizações de médio porte podem mudar de direção rapidamente quando apresentadas a novas informações. Pessoas com aversão a viajar podem preferi-las, pois costumam ser menos espalhadas geograficamente.
Os CIOs dessas empresas enfrentam desafios únicos, mas também gozam de seus benefícios. Eles precisam estar dispostos a determinar a causa de uma falha no servidor em um minuto para no próximo discutirem estratégias do negócio. São coringas: gerentes de projeto, estrategistas de negócios, especialistas em tecnologia, gerentes de fornecedor, arquitetos de TI – a lista continua.
Mas para profissionais com conhecimento vasto e o desejo de fazer algo diferente todos os dias, este pode ser o emprego dos sonhos.
Por, INSIDER Computerworld